Quem se lembra do arquitecto António de Macedo? O cineasta mais prolífico da geração do Novo Cinema Português, movimento que ajudou a fundar através do filme “Domingo à Tarde”. A ousadia estética de filmar “A Promessa” de Bernardo Santareno como um western, juntamente com o seu sucesso junto do público, provocaria uma clivagem irreversível junto dos pares e da crítica. Interessado em explorar as possibilidades tecnológicas do meio cinematográfico e em desenvolver um cinema de cariz fantástico, a sua obra é difícil de classificar no seio do cinema português. Lutou arduamente contra a censura, antes e depois do 25 de Abril, quando a Igreja Católica tentou impedir a estreia de “As Horas de Maria”, esforço que o tornaria no blasfemo filme português mais polémico de sempre. Experimentaria ainda a alegoria esotérica, o sobrenatural e a ficção-científica, recebido sempre com entusiasmo pelo público, mas com desprezo pela crítica. Desistiria de filmar nos anos 90, após sucessivas recusas de subsídios estatais. Esta é uma das histórias do cinema português que falta contar e que ganhará agora voz no filme de João Monteiro.
