Nanni Moretti, recentemente septuagenário, veicula os seus temas, idiossincrasias e obsessões, num filme simultaneamente pessoal e engajado, melancólico e hilariante, um regresso à ironia autoficcional que delicia desde Caro Diario. Em registos diversos, que vão do drama familiar à comédia social, passando pelo musical, o mestre italiano sobrepõe camadas narrativas – a sua vida, o filme que faz e aquele que planeia –, numa histriónica tapeçaria fílmica que se debruça sobre a passagem do tempo, acusando reminiscências Fellinianas enquanto expressa uma esperança vaga num futuro mais radioso.
